Hajj
ou Hadj (árabe:حج) é o nome dado à peregrinação
realizada à cidade santa de Meca pelos muçulmanos. É considerada como o último
dos "Cinco pilares do Islamismo" (arkan), sendo obrigatória, pelo
menos uma vez na vida, para todo o muçulmano adulto, desde que este disponha
dos meios económicos e goze de saúde. Cerca de dois milhões de pessoas de todos
os pontos do planeta realizam anualmente o Hajj.
O
Hajj só pode ser efetuada uma vez por ano, entre o oitavo e o décimo dia do mês
de Dhu al-Hijja, o último mês do calendário islâmico.
Se
a peregrinação a Meca ocorrer noutra altura do ano será chamada de Umra; é
considerada uma boa ação, mas não substitui o Hajj. A Umra é também conhecida
como a "peregrinação menor". Difere em relação ao Hajj ao nível dos
ritos: a Umra inclui apenas os ritos realizados na Grande Mesquita de Meca.
A
expressão El hajj ou el hadj pode ser colocada na frente do nome das pessoas
que já fizeram a peregrinação.
Liturgia
do Hajj
A
realização da peregrinação é antecedida pela manifestação do desejo de
efetuá-la (niyya, "intenção"). Para esse efeito foram desenvolvidas
fórmulas que proclamam essa intenção. A decisão de partir em peregrinação não
deve prejudicar ninguém, caso contrário o Hajj será inválido. O peregrino não
deve contrair dívidas para fazer a viagem, não deve deixar dívidas por pagar e
não deve deixar os membros da sua família sem recursos ou em situação
desprotegida.
A
partir do momento em que o peregrino se encontra a uma certa distância da
cidade de Meca, deve proceder à entrada no estado de ihram
("sacralização", estado sagrado), que consiste em vestir a roupa
(iharam) que usará durante a celebração dos rituais: duas peças de tecido
brancas não cosidas e sandálias igualmente não cosidas. Enquanto permanecer no
estado ihram o peregrino não deve cortar o cabelo, cortar as unhas, usar
perfumes, matar animais, envolver-se em discussões ou lutas, manter relações
sexuais ou contrair matrimônio. O peregrino volta outra vez a proclamar a sua
intenção em efetuar o Hajj.
Depois
de entrar na Grande Mesquita de Meca o peregrino efetua o tawaf, que consiste
em realizar sete voltas à Kaaba no sentido contrário aos ponteiros do relógio
(cada volta é chamada de shawt, sete ashwat constituem o tawaf). Durante as
sete voltas o muçulmano efetua orações. As primeiras três voltas devem ser
efetuadas a um passo mais acelerado.
De
seguida, o peregrino procede à prática do sa´ee (ou sa´y, "deambulação")
percorrendo um corredor entre os montículos de Safá (Safa) e Meruá (Marwa),
ainda dentro da mesquita, de novo sete vezes. Este ato recorda o desespero de
Agar, mulher de Abraão, quando procurava água para o seu filho Ismael entre
aqueles dois pontos. Os peregrinos podem também beber um pouco da água do poço
de Zamzam, que se encontra na mesquita e que salvou Agar e o seu filho.
O
peregrino recita depois o talbiya, uma oração na qual declara que faz o Hajj
unicamente em honra de Deus.
Depois
do pôr-do-sol os peregrinos dirigem-se para Mina, um local perto de Meca, onde
acampam e passam a noite. Devem aqui realizar as suas orações. Termina aqui o
primeiro dia do Hajj.
No
dia seguinte (dia 9 do mês de Dhu al-Hijja), os peregrinos deixam Mina em
direcção a Arafat, um local habitualmente referido como um monte, mas que na
realidade é uma planície a cerca de 20 km de Meca. Uma vez em Arafat o dia é
consagrado à oração, à leitura do Alcorão e ao pedido de perdão a Deus pelos
pecados cometidos. O peregrino chegou ao ponto alto do Hajj.
Após
o pôr-do-sol os peregrinos dispersam, abandonando Arafat em direção a
Muzdalifah. Em Muzdalifah fazem a oração da noite e lá deverão passar a noite
em tendas. Durante a noite recolhem-se pequenas pedras que serão usadas num
ritual do dia seguinte. Antes do nascer do sol parte-se para Mina.
Em
Mina os peregrinos atiram sete pedras contra três bétilos (pedras que eram
adoradas como divindades nos tempos pré-islâmicos). A maior delas, Jamarat
al-Kubra, representa hoje Satanás. O ato tem como simbologia o desejo de se
renunciar ao mal e exaltar o Deus único. Cada peregrino deve depois sacrificar
um animal (um carneiro ou um bode). Os ritos terminam com o início de um
festival de três dias que celebra o fim do Hajj, o Eid al-Adha ("Festa do
Sacrifício"). Uma vez que é impossível consumir toda a carne que resultou
de cada um dos sacrifícios, as autoridades locais desenvolveram complexos de
tratamento das carnes para serem mais tarde distribuídas pelos mais necessitados.
Em Mina os peregrinos podem retirar os trajes que usaram durante os rituais.
Por
último, o peregrino deve efetuar um tawaf e um sa´ee finais antes de se
despedir de Meca. Todo o homem ou mulher que efetuou o Hajj é chamado de hajji
ou hajja respetivamente, alcançado um estatuto de respeito na comunidade e na
família.
Alguns
peregrinos aproveitam a ocasião para se deslocarem à cidade de Medina, onde se
encontra o túmulo do profeta Maomé.
El
hajj ou el hadj pode ser colocado na frente de nomes de pessoas que já fizeram
a peregrinação.